Seguindo a tendência mundial de migração campo-cidade, a pesquisa realizada pela Embrapa SP revelou que mais de 80% da população brasileira vive em área urbanas. Esse fenômeno acarreta muitos desafios, porém, o principal deles se relaciona à segurança. Neste artigo você vai conhecer como a IoT e IA podem atuar em colaboração tática em benefício da segurança pública.
Ao longo da história o avanço tecnológico sempre representou uma grande fonte de progresso e bem-estar da humanidade. Para atender as demandas dos grandes centros urbanos, seus gestores têm recorrido cada vez mais à tecnologia para garantir o funcionamento dos serviços necessários para a melhoria do modo de vida dos habitantes e suas relações sociais.
Para saber mais sobre o assunto, continue a leitura do post!
Relação entre IoT & IA
Antes de avançarmos, é preciso que os conceitos sobre a IoT & IA estejam bem claros em sua mente para então entrarmos no estudo da relação desses termos com a segurança pública. Começando pela IoT, sua sigla é autoexplicativa e significa internet das coisas. Muitos ao ouvirem esta expressão logo pensam em veículos conectados, gadgets digitais, celulares e eletrodomésticos inteligentes.
Todos são exemplos da IoT em operação, sendo cada vez mais presentes também em fluxos de trabalho e nos processos produtivos das empresas. Dessa forma, as máquinas já possuem a capacidade de se conectar à internet e de relacionar-se com outros objetos, aprendendo com o seu ambiente e tomando decisões próprias para realizar sua manutenção e garantir seu funcionamento.
Mas afinal, qual a relação entre elas? A inovação de objetos se conectando à internet não é algo novo, mas a ampliação de sua capacidade de raciocínio e autonomia são avanços muito recentes proporcionados pela interação entre IoT e IA. A internet das coisas não se limita mais à conectividade.
É nesse momento que a Inteligência Artificial se apresenta como um verdadeiro complemento da IoT, por meio da realização de análises profundas que vão muito além das tradicionais métricas básicas e estatísticas.
Com a inteligência artificial, é possível compilar grandes quantidades de dados (Big Data) em conhecimento útil, relevante e rentável, transformando-os em soluções personalizadas para pessoas, empresas e governos.
É para além dos limites da automação pessoal que passamos a analisar agora o poder da inteligência artificial na era da internet das coisas, aplicada em colaboração tática na área de segurança pública. Vejamos algumas aplicações a seguir.
Exemplos práticos
Muitos lugares ao redor do mundo têm desenvolvido projetos que tornam propícia a colaboração tática entre IoT e IA. As chamadas cidades inteligentes (CI) tratam-se de projetos em que espaços urbanos são colocados como laboratórios de experiências ao ar livre, com o uso intenso de tecnologias baseadas na integração das comunicações e na administração orientada por dados.
Em outras palavras, o conceito descreve o uso de tecnologia aplicada para a melhoria da infraestrutura e modo de vida urbanos. Esse locais apresentam investimentos em quatro áreas principais: mobilidade, qualidade de vida, economia criativa e interação facilitada entre cidadão-governo. A internet das coisas, Big Data e governança algorítmica são os principais norteadores do seu desenvolvimento.
Para exemplificar soluções específicas em segurança pública, apresentamos a seguir dois exemplos: o primeiro relacionando a integração de setores da administração para melhorar a tomada de decisões e o segundo ilustrando o uso de recursos de sistemas inteligentes para a prevenção e combate de conflitos urbanos.
Tecnologias aplicadas na tomada de decisões
Locais que aderiram a projetos de cidades inteligentes não levam em conta apenas o uso de inovações para melhoria de qualidade de vida e segurança da população.
Outro objetivo que também é prioritário é a promoção da integração entres os mais diversos setores da administração pública regional. Medidas assim possibilitam o levantamento de informações de maior qualidade, que servirão como subsídios para a tomada de decisões.
Um caso emblemático é o da Receita Federal Brasileira, que utiliza um software de reconhecimento facial. O registro obtido no reconhecimento é cruzado com informações de antecedentes criminais, possibilitando identificações instantâneas.
O sistema NeoFace Watch, da NEC, é utilizado em aproximadamente 14 aeroportos internacionais do país, incluindo o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e o de Guarulhos, em São Paulo.
O objetivo de uso é a identificação de suspeitos envolvidos em problemas na alfândega por meio do reconhecimento biométrico da face. Todo o procedimento é não invasivo e realizado por meio de fotos, sistemas de CFTV, webcams e vídeos.
Tecnologias aplicadas à prevenção de violência no futebol
Os grandes eventos são características marcantes dos centros urbanos. São diferentes programações, como shows e eventos esportivos e culturais. Especificamente no caso do futebol, como você bem sabe, não são raros os momentos de conflito entre as chamadas torcidas organizadas.
Com o uso de sistemas inteligentes dá para trabalhar na identificação prévia de pessoas anteriormente envolvidas em casos como esses ou que estejam desobedecendo ordens restritivas de liberdade. Além disso, é possível oferecer uma rápida resposta no momento de eclosão dos confrontos por meio do monitoramento constante.
Desafios no caminho
Nesse mundo novo de máquinas autônomas e responsáveis por suas decisões, é preciso garantir a formação de profissionais especializados, capazes de lidar com tecnologia avançada. O poder público também deve se atentar à prevenção e resolução de possíveis falhas de funcionamento de maneira rápida para não levantar questionamentos quanto a real necessidade dessas ações.
Outro desafio se relaciona aos direitos individuais do cidadão. Segundo o art. 144 da constituição brasileira o estado deve garantir segurança aos cidadãos por meio da execução de políticas públicas eficientes.
Sendo assim, entidades do governo têm o respaldo para instalação de câmeras em vias públicas e outras tecnologias de IoT aplicadas em segurança. Mesmo com a retaguarda constitucional, cabe ao estado adotar políticas que garantam o equilíbrio entre segurança e os direitos individuais à privacidade.
Com tudo o que vimos até aqui, resta o desafio final de não restringir a solução para os problemas de segurança apenas ao uso de tecnologias. É necessário desenvolver a capacitação e treinamento constante de agentes públicos para o uso das ferramentas apresentadas, tendo-as como aliadas e não como um fim em si mesmas.
Através da colaboração tática entre tecnologias de IoT e IA, governos e sociedades inteiras podem lançar mão de recursos objetivos para a construção de melhor qualidade de vida dos cidadãos e integrar os diferentes setores da administração pública.
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